segunda-feira, 8 de abril de 2013

HOSPITAL DE ELVAS

No final da semana passada assistimos a algo inédito no nosso concelho e talvez até no nosso país. Um presidente de Câmara vem anunciar medidas tomadas pela tutela da saúde, a saber, Administração Regional de Saúde, Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano e portanto do Ministério da Saúde!


Um presidente de Câmara que nessa qualidade pede uma reunião aos órgãos regionais e que de seguida convoca a comunicação social para anunciar aquilo que apenas podia ser anunciado pela tutela. Nunca visto e demonstra bem que a única intenção do senhor presidente da Câmara em todo este processo foi o de colher dividendos políticos.



Os elvenses devem perguntar-se como se pode o edil socialista colocar em bicos dos pés nesta matéria quando nada mais fez que reunir com as entidades. Os elvenses devem perguntar-se porque é o edil a anunciar as boas novas quando se fosse em caso inverso seria o primeiro a criticar o governo. Os elvenses devem perguntar-se como pode agora Rondão Almeida querer passar a mensagem de que teve imensa influência nesta decisão quando não teve influência nenhuma há cerca de 5 anos quando o seu governo do seu partido socialista fechou a maternidade de Elvas!



Há um último recurso nas negociações políticas, algo que em linguagem de jogos de cartas se chama de “bluff” e essa carta foi jogada há muito tempo quando disse demitir-se se a maternidade fechasse. Não havia nada que Rondão Almeida pudesse fazer, não fez de facto absolutamente nada a não ser escrever cartas abertas e reuniões. As decisões foram tomadas pela tutela, foram tomadas pelo governo PSD/CDS. As valências nem desaparecem, nem emagrecem, nem enfraquecem, antes pelo contrário reforçam-se.



Fui contactado por inúmeros elvenses preocupados com a situação no hospital. A todos disse para terem calma e para não acreditarem em tudo o que liam. Falei com muita gente, incluindo responsáveis da comissão de saúde da Assembleia da República. Alertei, avisei e disse ser injusto todo e qualquer corte no Hospital de Elvas.
Entreguei a algumas pessoas um pequeno texto que me foi enviado por uma funcionária do nosso hospital. Omitirei o seu nome mas dar-vos-ei conta do seu teor;



“Boa noite! 
(…) agradeço que esteja do nosso lado nesta dura e desleal batalha... Apenas tenho uma coisa a referir...os números do nosso hospital superam em grande escala os do hospital de Portalegre! Informe-se e irá confirmar a veracidade desta informação... O serviço de Ortopedia do HSLE operou todos os doentes programados e de traumatologia da lista de espera de Elvas e de parte de Portalegre, fizemo-lo com grande esforço por parte de toda a equipa e era para nós um motivo de grande orgulho! Infelizmente não nos serviu de nada... Com menos gastos, produzimos mais! Ou seja, com base nos números, se algum serviço tivesse que fechar seria o de Portalegre... Aparentemente perdemos a guerra, mas sentimo-nos orgulhosos pelo trabalho que desenvolvemos...
Cumprimentos”



Respondi a esta senhora que as guerras só se perdem no fim, depois do ato consumado. Disse-lhe para ter esperança e para ter fé. Disse-lhe que ninguém oficialmente me tinha confirmado o que se dizia. 



Meus amigos e caros elvenses. Quem defende o seu empregador como esta senhora fez, quem demonstra este brio e esta dedicação merece tudo. E assim aconteceu aquilo que alguns julgavam impossível, o nosso hospital foi respeitado!



Disse desde a primeira hora através das redes sociais que estaria sempre do lado dos elvenses se quisessem tirar algo ao nosso hospital. Escrevi que a minha posição em relação a Elvas não muda com a cor do governo. E assumo hoje perante os órgãos de informação a mesmíssima coisa!



Não conseguiria ter moral para dizer que me demitia se a maternidade fechasse e depois de ela fechar fizesse como se nada tivesse dito. Não conseguiria antecipar-me a organismos oficiais para anunciar algo que não fiz e onde não tive qualquer responsabilidade. Foi triste o aproveitamento político, foi feliz a notícia e esta supera todo e qualquer truque dos políticos.



Lembrem-se os elvenses que estamos em pré-campanha autárquica e que muito se vai dizer, sobretudo porque não conseguem ter em Elvas nada de concreto que o governo queira fechar. Fala-se de fechos de tribunais, o de Elvas está a salvo. Fala-se de fecho de repartições de finanças, Elvas está a salvo. Fala-se de fecho de hospitais, Elvas está a salvo.



Com o PS tiraram-nos quase tudo – Maternidade, Militares, Vila Fernando, EDP, PT, Balcão do Cidadão e sei lá que mais….



É agora hora, depois de gasto este pequeno foguete, do PS começar a falar de grandes empresas. A Câmara está já a fazer passar essa informação…de que inúmeras empresas querem vir para Elvas. É sempre assim de 4 em 4 anos, sempre em ano de eleições! Prometeram-nos tudo, cervejeiras, cimenteiras, a Keelson e os seus 15.000 postos de trabalho, o IKEA e até um call center. Nada mas nada se confirmou. Os jovens que se mantenham atentos às falácias, muito atentos.



Fiquei triste por ver brincar nestes últimos dias com as duas coisas mais sagradas do ser humano, a sua saúde e o seu emprego.
Obrigado!